Líquido denso
Oleoso e peguento
Unguento nenhum cura
Não existe reza
Álcool de ervas
Planta ou rasura
Não existe remédio
Nem paliativo
Para a traição.
(18 de Outubro, 2021)
Líquido denso
Oleoso e peguento
Unguento nenhum cura
Não existe reza
Álcool de ervas
Planta ou rasura
Não existe remédio
Nem paliativo
Para a traição.
(18 de Outubro, 2021)
Existe um veneno
Na cabeça e se espalha
Ve-ne-no
Perturbação. Destruição
Das funções vitais do organismo.
E se espalha
Da cabeça para o intestino
Flutuação de pensamentos
Náuseas.
Existo existindo
Não são necessárias
A fúria ou a calma
Mas tudo existe
E se espalha.
Perturbação das funções
Destruição vital do organismo.
Agora e já
Tudo sem demora
A escuta do som
Que há lá fora
Tudo em memória
Codificada
A tua boca sabia
A minha mais nada.
Enquanto lambia
Cauteloso
Subia e descia
Evitando o gozo
E na manhã seguinte
Já diferente
Segurou minha nuca
Puxando pra frente
Na linha tênue
Eu descia e subia
Procurando o gozo
Que não existia.
(..., de Outubro de 2015)
Dê a todos seu melhor sorriso
Esconda nele todo lado sombrio
Seu desejo e medo de morrer
Seus conselhos não te ajudam
Você planta espinhos
Esperando a flor nascer
Os cortes são fundos
Deixaram marcas
Mas te ajudaram a crescer.
No calor do momento
Minha ação demasiada
O encontro sorrateiro
No meio do nada
Era sincero o gesto?
Ou apenas quente seu hálito?
Eu fui indigesto?
Ou só queria uma gozada?
Eu recebi o teu gelo
Um retorno inesperado
Tamanho era meu desejo
Que não percebi a cilada.
Que virou muda
Que virou árvore
Ascendendo ao céu
Mas que num golpe
Que virou queda
Que virou papel.
O papel que virou qualquer coisa
Quase bidimensional
Sem profundidade
Sem céu
Só o fino e frágil
Papel de jornal.
Coloquei nessa terra salgada
Sementes selecionadas
Sem perceber que no sal
Nada cresce.
Ensopei a terra com choro
Achando que faltava umidade
Salinizei ainda mais o chão
Agora é tudo deserto
Não há frutos em minhas mãos .
No calor do momento
Minhas mãos geladas
O encontro de dois ventos
No meio da mata
Era sincero o gesto
E quente seu hálito
Você mais que discreto
Um gato assustado
E eu congelado
Sem o vigor esperado
Nervoso e surpreso
Por estar encantado.
A Natureza veio e mostrou tudo
Inclusive minha comum singularidade
Desfez inteiro o mundo
É crua e nua a verdade
A carne, é só carne!
A minha, a sua
E qualquer uma.
A carne, é só carne!
Tudo é vulgar!
Virtualmente real
Tudo é compartilhado
Feito para se ver
Tão perfeito
Que nem parece você.
Tudo que eu tenho que controlar
Tudo que eu tenho que ser
Cada coisa em seu lugar
Não se deve mexer
Eu não tive dúvidas
Era você e nada mais
Fugaz alegria
(Haicai, 8 de maio, 2021 - 00h12)
*meu primeiro haicai.
E quis me amar
E quis me querer
E quis me enganar
E quis me prender
Tudo que podia querer
Quis!
Quis tanto,
Que por fim
Teve o melhor
E o pior
De mim.
A carne
O cerne
Esse ser
Autômato
Automático
Rijo
O Centro
Oco e tubico
Por onde floresce
O líquido escuso
A semente do futuro
Plantada no chão.
O temor
E o tremor
O medo da dor
A areia caindo
Você sabe,
Eu estive sumido
Simulando a realidade
In vitro.
Eu que cri na justiça
E no deus
Eu que me achei
Benigno
Mas a vida é mais
Que fé
E força
E é bem menos
Que tudo isso.
Sussurrando em meu ouvido
E degustando o meu gosto
Ele alterou meu rosto
E colocou um nó
No meu pescoço.